terça-feira, 11 de outubro de 2016
Promessa
Hei-de voltar aqui!
A este lugar de pedra
E hera verde
Onde cabem os anseios,
Os degredados, os insanos
E a menina que tem sede.
Alma em concha, espera
O fio breve da esperança
Que Pandora guardava
Na caixa sem cor.
Alma em concha
Amarga o medo e a dor
Do presente sem futuro,
Neste lugar de pedra
E hera seca...
Hei-de voltar aqui!
Em busca de pão e água
E as pedras serão terra
E a hera pasto d'oiro.
E levar-te-ei comigo
Doce menina, meu tesoiro.
14 de Setembro de 2016
quinta-feira, 22 de setembro de 2016
Crónica: Teatro Bus e Grutaca animam o Verão em Famalicão
(Foto de, Marco Lindo) |
Inserido na programação “Verão em
Famalicão”, promovida pelo Município, apresentou-se no passado dia 26 de
Agosto, em Vila Nova de Famalicão, a atividade “Teatro Bus” com a participação
do Grutaca, Grupo de Teatro Amador Camiliano e a colaboração da ARRIVA
Portugal.
A cidade que cresceu e se
desenvolveu, dizem, mercê da posição geográfica estratégica, cruzamento de
estradas com ligação a cidades como Braga, Porto, Barcelos, Póvoa de Varzim e
Guimarães recebia nessa tarde, sob o calor sufocante de um Verão demasiado
quente, o autocarro, denominado “Teatro Bus” (Autocarro do Teatro),
surpreendendo todos os que, na esplanada dos cafés em redor da Praça D. Maria
II, se refrescavam e aguardavam que o calor abrandasse para abandonarem a agradável
sombra, dos guarda-sóis disponíveis.
Sem alarde, o enorme autocarro
vermelho, coberto de inscrições e de efígies, entrou na rua pedonal e
posicionou-se no centro da Praça ao lado do estrado de seis metros por quatro
metros e meio, que já aí se encontrava instalado.
Apesar do calor, a curiosidade
aproximou as pessoas e lembrou a atividade que decorreria à noite.
E a noite chegou. Fresca,
agradável, ideal para sair de casa e desfrutar de um espetáculo de teatro, ao
ar livre e no interior do autocarro.
A proposta teatral trazida pelo
Grutaca, Grupo de Teatro Amador Camiliano, de São Miguel de Seide, Vila Nova de
Famalicão, apresentava alguns Sketches
da vida e obra de Camilo Castelo Branco e da “Guerra no Tabuleiro de Xadrez” de
Manuel António Pina, a uma plateia surpreendida pelo inusitado da situação e
pela beleza e oportunidade das cenas que aí foram retratadas.
Fez-se silêncio e a função, no
exterior, começou subindo à cena o personagem Nuno Castelo Branco, num monólogo
interpretado pela atriz Dalila Fernandes. Depois, no estrado decorado com uma
tela a lembrar um tabuleiro de xadrez, as personagens Camilo Castelo Branco
(Reinaldo Ferreira) e Ana Augusta Plácido (Cláudia Campos) desenvolveram uma
cena de ciúmes e Camilo, evidenciou o lado manipulador, profetizando o destino que
pretendia escolher para o “filho estoira-vergas”, referindo-se a Nuno Castelo
Branco, casando-o com uma mulher rica, apelidada por Camilo de “Diamante
Negro”. O cansaço sobreveio e estes personagens deram lugar e “vida” às figuras
Brancas e Pretas que compõem o jogo no tabuleiro de xadrez.
No tabuleiro, adiantou-se o frágil
peão (Mariana Ferreira), entrou em cena e não deixou ninguém indiferente. A sua
voz cristalina, pausada e bem colocada, guiou o público presente para as cenas
seguintes dentro do “Teatro Bus”. O Bobo da corte (Serafim Costa) animou a
assistência cantando “Fado triste” em tom melancólico e afinado. Devido ao
elevado número de espetadores presentes, convidou uma parte do público para uma
primeira função no interior do Autocarro, voltando a repetir o convite a um
segundo grupo.
Cerca de uma centena e meia de pessoas
fizeram parte integrante do espetáculo, outras tantas optaram por admirar e
aplaudir no exterior. E foram muitos os aplausos e agradecimentos: à Câmara Municipal pelo arrojo e inovação
cultural; ao Grutaca e aos atores faltando aqui referir as seguintes
interpretações: Rei Branco- Fernando Lima; Rei Preto- Hélder Lobo; Rainha Branca-Barbara
Araújo; Rainha Preta-Diana Catarina; Bispo Branco-Francisco Cereja; Bispo
Preto-António Alves; Cavaleiro Branco-Dalila Fernandes; Cavaleiro Preto-José
Alves; Torre Branca- Raúl Oliveira e Torre Preta- Armindo Alves. Aplausos
também para a ARRIVA pela disponibilidade e interesse em colaborar com o
Município e o seu esforço de dinamização cultural.
Disputas, guerras, anseios,
vinganças sem sentido e em resultado a necessidade de um esforço conjunto pela
paz e harmonia entre os homens, sem diferenças de cor, género ou crença, foi a
mensagem que aqui ficou na Praça Dona Maria II, nesta deliciosa Noite de Verão,
a bordo de um Autocarro do Teatro, a quem chegaram a apelidar de “Autocarro do
Amor” que nos levou pelos caminhos da Esperança e da celebração da literatura e
dos autores de língua portuguesa.
Luís de Camões que o diga pois
também lá estava, como se estivesse num mirante da Casa de Camilo, acompanhado
pelos anfitriões, mirando expectante das janelas do autocarro.
Fátima Almeida
20-09-2016
Do céu, cai de mansinho
A neblina outonal.
No horizonte, a cor de fogo
De mais um pôr-do-sol,
Esconde-se e dispersa-se
Afagando o lado invisível,
Dourando-o agora
Na nossa ausência.
Escurece!
O Casario é abraçado pelo silêncio
Da tarde que termina.
Evolam cheiros pelo ar!
Os campos e as vinhas
Soltam, como ais, odores a chão, a mel
A lavanda e hortelã.
É tempo de colher e guardar
Sob o véu rendilhado da neblina
Que o Outono estende
Aos homens que habitam a colina.
21 de Setembro de 2016
(foto Val dOrcia in http://www.lostworldsracing.com/)
quarta-feira, 14 de setembro de 2016
Como o Outono
Quero ser como o Outono
Ter em mim todas as cores
Trazer no olhar todas as paisagens
Na alma todos os cheiros.
Quero ser como o Outono
Barco veleiro de todas as paragens,
Mirantes risonhos e prazenteiros.
Aguarela onde cabem definidos
Os traços, as linhas do horizonte,
Onde repousam os caminheiros
Os cajados e as sandálias gastas
De andanças e sendas fartas.
Quero ser como o Outono
Mesa posta, casa cheia
Dádiva, aconchego e regaço
Candeia acesa na tarde rubra
Corpo que anseia o teu abraço.
14 de Setembro de 2016
segunda-feira, 28 de março de 2016
Dia Mundial da Poesia 2016 - Caderno de Poesia
Caderno de Poesia, foi apresentado em sessão pública no passado dia 21 de Março - Dia Mundial da Poesia, na Casa do Território, no Parque da Devesa, pelas 21h30. Esta apresentação contou com a presença do Sr. Dr. Paulo Cunha, Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão.
Estiveram presentes 24 dos 26 poetas que integram esta publicação, faltaram à chamada: Antonieta Costa e Domingos Vale.
Eu estive lá.
Nesta edição foram publicados 3 poemas meus que já constam deste Blogue: Aerograma, Entardecer e Outono.
O Pedro Zimann efetuou o design.
A edição é da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016
Barco de Papel
O vento passa e zune
Brunindo campos e
searas
Amarra troncos e
giestas
Num redemoinho
incessante
Estalando o
entrelaçado
Como foguetes de
festa
O ar frio corta
desabrido
Sem correntes, sem
margens
Rasga o calor, quebra
a doçura
Cristalizada,
multicolor, qual imagem
Reminiscência ou
ilusão
Névoa ou realidade
impura
Eleva e morre em si o
sonho
Tela, tinta, luz e
pincel
Pintura frágil que
ressalva o Norte
Desatina o sul e
estilhaça
Em mil pedaços o
barco de papel!
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