O
silêncio é como um carreiro sem fim e sem destino.
Quando somos crianças, o
mundo à nossa volta é grandioso, todos os caminhos são compridos e todos os
lugares são distantes. Tinha essa sensação quando, e sempre que, acompanhava o
meu avô, nas suas deambulações pelas ruas e lugares da nossa aldeia.
O
meu avô era surdo e sorria-me quando percebia o marulhar do vento nas giestas
em flor ou ouvia o suave deslizar das lagartixas pela movimentação do cascalho
ou das silvas do caminho.
Carreiros
de silêncio e cumplicidade, de cheiros e de sorrisos, cumpridos, vividos sem
vacilar por mim e por ele. De vez em quando o silêncio trazia-me o som dos
pássaros e as conversas infindáveis dos pinheiros em disputa com os eucaliptos,
mais frondosos, mais espaçosos, intrusos - sei-o agora!
Carreiros
feitos a propósito de nada, a não ser pelo facto de estarmos juntos e caminhar,
até que o cansaço nos vencia e nos fazia regressar a casa e a outros silêncios…
Ao meu Avô, José Dias Cardoso
13-04-2012
Sem comentários:
Enviar um comentário