segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Ode a Castelões



No Estio ainda o piar do Mergulhão  
E a pomba branca poisada no beiral
Avisto as casas arrumadas no Gorgulhão
Sobranceiras aos Pombais e seu casal

Atento late o cão de guarda ao longe
Enquanto baixa, de mansinho, o nevoeiro
Sobre Canas e Santo António,
Fonte D’Éguas, Trelavinha e Sameiro

Escondida no recorte do lugar
O campanário de pedra morena
Desperta e soa na manhã clara
E o quadro completa-se e acena

Em fundo o verde-escuro dos pinheirais
E o verde-claro dos campos em rodapé
Da Igreja mira-se Campa e a Escola
Sólida, altiva, atenta ao vento e à maré!

À esquerda evoluem uns arcos para o monte
E a casa onde nascem, cor-de-rosa,
Recebendo a água daquela fonte
Permanece, contudo, impávida e silenciosa.

No largo as vozes comentam
Trocam-se sorrisos e abraços
Vão chegando os domingueiros
Com suas alegrias e cansaços

De incertezas e vida feita
Caminham delicadas e frágeis
Cabelos brancos que o véu estreita
Mulheres, ontem moças, outrora ágeis

Depois de passar à Ribeira
Espraia-se Vale Melhorado
Que vai beber ao rio Pele
Mil saudades do outro lado

Das quintas do Agrêlo e do Seixal
Fica a recordação da abastança
Que não impediram afinal
O Brasil, a Alemanha e a França

Os emigrantes e sua coragem
Limada e carregada em ombros
Transformaram a imagem
Do sombrio Monte dos Combros

Castelões, és Giesta em flor bordando a estrada
Urze do monte galgando a colina
Rosa brava sobre os muros debruçada
Nobre gente com coração de menina


S. Tiago de Castelões, Vila Nova de Famalicão, 2015, Junho, 18
Fátima Almeida

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